Rastejava, sentia-se a mais inferior dos insetos. Poucos compartilhavam de apreciar sua forma estranha, sua “rara beleza”. Tortamente rastejava. Não fedia nem cheirava... Não sabia se era inseto, larva ou micróbio evoluído. Resistia em sua busca rastejante e torta sempre indagando sobre sua existência. Dividia com as flores e com as ramas um pouco de suas poucas cores e também sua solidão, sua camuflagem... O vento lhe agradava e dentro de sua forma estranha havia uma grande vontade de ventaniar também. Admirava a imensidão de cor anil, que, para ela, era inexplicável. Observava ao seu redor os voadores, muitos de muitas patas, outros tantos munidos de ferrões.
E Ela apenas rastejava... sentindo-se a mais inferior dos insetos – lagarta largada à sua natureza desconhecida. Dentro de sua forma estranha repousava algo em comum, rojava-se em busca de respostas e dividia com o mundo suas poucas cores.
Porém, tantas formas estranhas, tanta busca incomum fez com que a lagarta [meio larva e micróbio] aprendesse toda a pedagogia da terra – filos, logias, temáticas temporais... As luzes do céu eram mais fortes e assim agora ela não mais rastejava, passou a viver encasulada dentro de suas descobertas e aquilo que lhe repousava de incomum veio a aflorar. Metamorfa – tudo o que aprendera se transformava em cores que a ornamentava. Um raio de sol brilhou mais forte e seu conhecimento lhe proporcionou asas. Assim, voando à vontade, ventaniando ia ela para anunciar uma nova aurora colorida: ensinava folhas, flores, galhos, frutos e os ao seu redor. Todos reparavam em sua rara existência. Antes lagarta [meio larva e micróbio], hoje metamorfa borboleta colorida. Dividia com o mundo suas mais belas cores